segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Sexo (PARTE I)


Sexo?... o que?... hãã?... onde?... quanto?... ahh vá!?
...o amor tem jardim, cerca, projeto... O sexo invade tudo... Sexo é contra a lei, no fundo de tudo.... O amor depende de nosso desejo, é uma construção que criamos. Sexo não depende de nosso desejo... nosso desejo é que é tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre sem tesão. O sexo é um desejo de apaziguar o amor. O amor é uma espécie de gratidão à posteriori pelos prazeres do sexo.

O amor vem depois... O sexo vem antes... No amor, perdemos a cabeça, deliberadamente. No sexo, a cabeça nos perde. O amor precisa do pensamento.

No sexo, o pensamento atrapalha... só as fantasias ajudam. O amor sonha com uma grande redenção. O sexo só pensa em proibições... não há fantasias permitidas. O amor é um desejo de atingir a plenitude. Sexo é o desejo de se satisfazer com a finitude.

O amor vive da impossibilidade sempre deslizante para a frente... O sexo é um desejo de acabar com a impossibilidade. O amor pode atrapalhar o sexo. Já o contrário não acontece. Existe amor com sexo, claro, mas nunca gozam juntos.

Amor é propriedade. Sexo é posse. Amor é a lei... sexo é invasão de domicílio.

Amor é o sonho por um romântico latifúndio... já o sexo é o MST. O amor é mais narcisista, mesmo quando fala em "doação". Sexo é mais democrático, mesmo vivendo no egoísmo. Amor e sexo são como a palavra farmakon em grego: remédio ou veneno. Amor pode ser veneno ou remédio. Sexo também - tudo dependendo das posições adotadas.

Amor é um texto. Sexo é um esporte. Amor não exige a presença do "outro"... o sexo, no mínimo, precisa de uma "mãozinha". Certos amores nem precisam de parceiro; florescem até mais sozinhos, na solidão e na loucura. Sexo, não - é mais realista. Nesse sentido, amor é uma busca de ilusão. Sexo é uma bruta vontade de verdade. Amor muitas vezes é uma masturbação. Sexo, não. O amor vem de dentro, o sexo vem de fora, o amor vem de nós. O sexo vem dos outros.

Não somos vítimas do amor... só do sexo. "O sexo é uma selva de epilépticos" (Nelson Rodrigues) ou "o amor, se não for eterno, não era amor" (NR). O amor inventou a alma, a eternidade, a linguagem, a moral. O sexo inventou a moral também do lado de fora de sua jaula, onde ele ruge.

O amor tem algo de ridículo, de patético, principalmente nas grandes paixões. O sexo é mais quieto, como um caubói - quando acaba a valentia, ele vem e come. Eles dizem: "Faça amor, não faça a guerra." Sexo quer guerra. O ódio mata o amor, mas o ódio pode acender o sexo. Amor é egoísta; sexo é altruísta. O amor quer superar a morte. No sexo, a morte está ali, nas bocas... O amor fala muito. O sexo grita, geme, ruge, mas não se explica.

O sexo sempre existiu - das cavernas do paraíso até as saunas relax for men.

Por outro lado, o amor foi inventado pelos poetas provençais do século 12 e, depois, revitalizado pelo cinema americano da direita cristã. Amor é literatura. Sexo é cinema. Amor é prosa... sexo é poesia. Amor é mulher... sexo é homem - o casamento perfeito é do travesti consigo mesmo. O amor domado protege a produção, sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado. Por isso, a ÚhN!CA maneira de controlá-lo é programá-lo, como faz a indústria das sacanagens. O mercado programa nossas fantasias. Não há "saunas relax" para o amor, onde o sujeito entre e se apaixone. No entanto, em todo bordel, finge-se um "amorzinho" para iniciar. O amor está virando um hors-d'oeuvre para o sexo.

O problema do amor é que dura muito, já o sexo dura pouco. Amor busca uma certa "grandeza". O sexo sonha com as partes baixas. O perigo do sexo é que você pode se apaixonar. O perigo do amor é (virar amizade). Com camisinha, há "sexo seguro", mas não há camisinha para o amor.Porque né?!

O amor sonha com a pureza. Sexo precisa do pecado. Amor é a lei. Sexo é a transgressão. Amor é o sonho dos solteiros. Sexo o sonho dos casados. A (O) amante sacia nossa fome de verdade, mata nossa nostalgia da animalidade.

Sexo precisa da novidade, da surpresa. O grande amor só se sente no ciúme (Proust). O grande sexo sente-se como uma tomada de poder. Amor é de direita. Sexo de esquerda (ou não, dependendo do momento político...rs

Atualmente, sexo é de direita. Nos anos 60, era o contrário. Sexo era revolucionário e o amor era careta). E, por aí, vamos. Sexo e amor tentam mesmo é nos afastar da morte. Ou não; sei lá... e-mails de quem souber para contato@agenciawmd.com.

Um comentário:

Criativo de Galochas disse...

Booooooooom, booooooooooom, boooooooooooooooooooooom... ah, gozei!

Abs

Criativo de Galochas
http://criativodegalochas.blogspot.com